Contador de visitas

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Kanji - Sequência da escrita

Um kanji só fica bem escrito (bonito) se for feito na seqüência correta, caso contrário impossível. Note que cada traço de um kanji tem uma parte mais grossa e uma mais fina, e isso é definido quando se usa o pincel próprio para a escrita do “shodou”, que é a arte da escrita em pincéis. A seqüência correta é uma técnica que deve ser seguida à risca, muito embora no cotidiano isso não aconteça. Porém, alguns traços básicos não podem ser alterados, tais como:

- Sempre de cima para baixo
- Sempre da direita para a esquerda
- O traço cortante sempre será o último
-etc...



Existem algumas exceções, mas geralmente essas regras são seguidas.


Existe um teste de proficiência chamado “Nihon Kanji Kentei”, super interessante e é direcionado exclusivamente à escrita e leitura de kanji. Esse teste é feito tanto por japoneses como estrangeiros. Aqui é que se aprende realmente o kanji, toda a sua estrutura, seu radical, suas leituras variadas e as leituras errôneas, que são chamados de “ateji”. “Ateji” é uma leitura aparentemente errada do kanji, mas que é muito utilizada na língua japonesa. Geralmente os países são escritos dessa forma, algumas frutas, animais, plantas, alguns locais e alguns nomes próprios. A maioria é derivada do chinês, mas com a leitura diferente.

domingo, 9 de maio de 2010

Origem do caracter chinês "mulher" e "mãe"

A origem do caracter chinês de mãe, chamado em japonês de "haha", tem como base a mulher. Note que o kanji de mulher se apresenta de joelhos numa posição de afeto e carinho querendo abraçar. A diferença para o kanji de mãe está no detalhe dos seios, pelo fato de amamentar seus filhos e está representado por dois pontinhos pretos no meio dele. Admiro demais a criação dos kanjis, tenho um grande fascínio pela cultura oriental.

sábado, 8 de maio de 2010

Estudos para o Nouryoku Shiken Nível 1 - Parte II

Semana passada foi o feriado japonês chamado "golden week", que se iniciou no dia 29 de Abril e foi até o dia 5 de Maio de 2010. Nesse período não deu pra estudar praticamente nada de japonês devido ao meu trabalho na pizzaria, afinal tivemos que funcionar todos os dias de 11 da manhã até 11 da noite, não sobrando tempo pra concentração. Esse ano foi fraco em comparação a alguns anos atrás, mas foi melhor que 2009. Durante o período diurno, de 11 horas até 18 horas a maioria dos pedidos foram de clientes japoneses, após as 20 horas de brasileiros, com isso chega-se a conclusão que os japoneses comem mais cedo que nós, e também dormem mais cedo um pouco.

Bem, depois de quase 10 dias sem pegar nos dicionários, voltar a estudar dá uma enorme preguiça, sinto uma grande resistência a não continuar mais, porém só de pensar em ficar reprovado me da uma angústia, então retorna as forças.

Ainda estou criando minhas apostilas, ou seja, digitando tudo que está no livro para depois poder estudar mais livremente, pois com o livro as páginas ficam mais presas do que em forma de apostila, e também posso retirar qualquer folha a vontade sem precisar rasgar do livro.

O fato de digitar todo o livro, aprendo pelo menos 30% do conteúdo e depois os 70% restantes, aplicarei a técnica do CBC - colocar o bumbum na cadeira. rsrs

Cada palavra digitada que não tenho conhecimento é cuidadosamente pesquisada em pelo menos três dicionários, com o intuito de verificar sua aplicabilidade em várias situações, o que gera um enorme trabalho de pesquisa. Para você ter uma idéia, cada folha leva em média duas horas e trinta minutos pra ser concluída. O maior aprendizado é durante as pesquisas que você faz e quanto mais profundo ela for, maior será o seu conhecimento sobre o assunto.

Hoje consegui terminar duas folhas, e já são 4:37h da manhã, preciso dormir pois amanhã 9:30 terei que acordar e depois abrir a pizzaria 11:00h. Good night!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

História do Japão

Era Paleantológica (até 8.000 A.C.)

O Período Paleolítico também é conhecido como Era Inicial de Jomon. Há mais de 15 mil anos atrás, a ilha japonesa foi conectada ao continente asiático por terra durante a Idade de Gelo. Pessoas do Continente da Eurásia começaram a migrar para o leste. A razão principal para a migração pode ter sido o suprimento de alimentos, ao se considerar que as pessoas seguiam rebanhos de animais para caçar. A agricultura não foi praticada durante essa era. Então, caçar animais e juntar plantas selvagens eram as fontes predominantes de alimentação. Um fóssil de mamute foi descoberto na parte norte do Japão e um fóssil de elefante naumann foi descoberto na parte sul. Os elefantes naumann vagaram de 300 mil anos atrás até 15 mil anos na Ásia Oriental e no Japão. O elefante habitou em lugares com climas mais temperados que os do mamute. A cerâmica não foi praticada durante esse período. Então, a maneira de cozinhar a carne era secá-la, defumá-la, ou grelhá-la. Esse período histórico também pode ser chamado de Idade Não-Cerâmica.

Era Jomon

Há aproximadamente 10.000 a 12.000 anos atrás, começou a Era de Jomon e durou milhares de anos. A temperatura aumentou, tornando-se mais morna, e o gelo começou a derreter. Então, o nível do mar se elevou e o arquipélago japonês se formou nessa época. Porém, o Japão ainda não tinha se estabelecido como um país. As pessoas continuavam caçando animais e juntando plantas selvagens no Período Inicial de Jomon. Eles caçavam animais grandes como o enorme cervo que depois foi extinto. Considera-se que a extinção de grande parte de animais seja resultado da atividade humana e da mudança climática. Carne e peixe eram desidratados, defumados, e assados no Período Inicial. De maneira bastante interessante, o povo japonês ainda aplica esses métodos para preservar alguns tipos de decomposição de comida. Há ainda debates sobre o aparecimento e o fim da cultura de Jomon. O Período de Jomon é seguido pelo Período de Yayoi.

Era Yayoi

O Período de Yayoi começou há 2.300 anos atrás e durou aproximadamente 600 anos. Muitas coisas mudaram durante esse período. O estilo de vida do Período de Jomon poderia ter sido semelhante ao desse período de Yayoi por causa da geografia do Japão. Pessoas antigas do Japão realizaram uma viagem difícil nessa época por terem escalado montanhas longas e estreitas. Então, idiomas e culturas diferentes desenvolveram-se em áreas distintas. No Período de Yayoi, o qual é anterior ao período de Kofun, muitas pessoas da Coréia emigraram para o Japão. Essas pessoas trouxeram a cultura do arroz e o trabalho com metal para o Japão durante o período final de Jomon. O povo de Jomon começou a aprender e a praticar esses novos conhecimentos. O efeito cultural da Coréia foi refletido na forma de recipientes de barro, ferramentas, tecnologia e sociedade no período de Yayoi. Uma disparidade em riqueza quase não foi vista pelo Período de Jomon. Porém, foram vistos guerra, riqueza e pobreza, e diferença de tamanho e força entre aldeias pelo Período de Yayoi como resultado de diferenças na quantia de arroz cultivado e armazenado em cada aldeia.

Quando o arroz foi trazido para o Japão?

A maioria das pessoas sabe que arroz é a comida principal do japonês. Porém, a habilidade de cultivar arroz foi trazida para o Japão por pessoas da Coréia há aproximadamente 2.400 ou 2.300 anos atrás. De acordo com a história, a Coréia estava em um estado de guerra e instabilidade naquela época. Então algumas pessoas chegaram à ilha de Kyushu em navios. A habilidade do cultivo de arroz foi espandida na parte norte da Ilha de Kyushu ao longo de todas as ilhas. O arroz pode ser preservado por muito tempo. Um líder de uma aldeia começou a manter quantidades grandes de arroz em armazenamento. Porém, toda aldeia não cultivou a mesma quantia de arroz porque o cultivo dependia da estação, da paisagem, e do tempo. A quantidade de arroz em armazenamento era uma razão pela qual a disparidade em riqueza existiu na cultura de Yayoi.

Como as pessoas da Era Yayoi cozinhavam o arroz?

Arroz refinado e arroz cru são basicamente o mesmo. Pessoas da era de Yayoi comeram arroz cru. O modo para cozinhar o arroz era fervendo ou cozinhando a vapor. Arroz cru é mais duro que o arroz refinado. Hoje os japoneses normalmente comem arroz refinado, porém agora estão sendo reconhecidos mais uma vez os benefícios de se comer arroz áspero pela efetivação no auxílio ao combate de problemas de pele, pressão alta, e muitos outros. Pratos diferente de arroz foram desenvolvidos pela era de Yayoi. Além de cultivar e comer arroz, as pessoas comeram também carnes, peixes, legumes, frutas, e nozes. Foram cultivadas algumas variedades de legumes, como soja, azuki, e trigo, que foram introduzidas pelos chineses. Cavalos e gados também estavam começando a se tornar uma parte popular da cultura japonesa.

Era Kofun

O Período de Kofun começou ao término do terceiro século. Algumas características desse período são a introdução de caracteres chineses, o aparecimento de enorme tumuli , a unificação do Japão pelo Tribunal de Yamato, um influxo de visitas estrangeiras, novas habilidades e conhecimentos importados da China e da Coréia, a introdução de ferramentas férreas de fazenda e armas ao longo do Japão e a introdução do Budismo no país. Ao final do quarto século, o Japão declarou guerra contra a Coréia. Ao mesmo tempo, o Japão estabeleceu uma chancelaria do governo na Coréia. Essa chancelaria do governo só durou até meados do sexto século. Embora sendo introduzidos caracteres chineses, esses caracteres normalmente foram limitados ao comércio entre China, Coréia, e Japão. Então, arqueólogos e historiadores às vezes recorrem ao registro histórico chinês para entender a história japonesa durante o Período de Kofun. Esse período é seguido pelo Período de Asuka que começou em meados do sexto século. Louça de barro e a introdução da roda do oleiro permitiram às pessoas fazerem cerâmicas mais fácil e rápidamente. Como resultado, aumentou a produtividade de cerâmica. A louça de barro era usada como talheres e panelas para armazenar comida. Alguns dos recipientes de barro eram usados como utensílios para rituais.

Era Asuka

O Período de Asuka começou ao término do sexto século e durou aproximadamente 100 anos. Durante esse período, a capital do Japão permaneceu em Asuka. Porém, quando outro imperador assumiu o governo, a capital mudou. O estabelecimento do sistema imperial de governo, a primeira constituição, o primeiro código de lei e o primeiro registro familiar foram estabelecidos durante o Período de Asuka. Somente mais tarde, mas ainda no Período de Asuka, emitiu-se a primeira moeda corrente. Ocorreram avanços no campo da arquitetura, como a construção de um templo e a construção de uma grande imagem de bronze de Buda. Vários japoneses enviados para a China aprenderam sobre a cultura chinesa e trouxeram para o Japão idéias novas de filosofia e de política. Poder-se-ia discutir que o Período de Asuka foi a base da cultura japonesa atual. Porém, era politicamente instável uma vez que a execução de um casal de príncipes imperiais, o assassinato de um imperador e a guerra ocorrida entre as famílias poderosas e o príncipe imperial oconteceram ao longo desse período. O Período de Asuka terminou quando a capital foi transferida para outra área sob o governo da Imperatriz Genmei. O Período de Asuka foi seguido pelo Período de Nara

Quando o Budismo foi introduzido no Japão?

O Budismo foi introduzido através da visita de coreanos por volta de 550 D.C. Contudo, essa visita não acarretou a expansão imediata do Budismo ao longo do Japão, embora houvesse religiões nativas existentes em cada comunidade japonesa. Uma das razões que favoreceram a expansão do Budismo tão depressa foi Yamataikoku, um país forte e controlado por uma mulher, Himiko, que unificou países pequenos e aldeias centenas de anos antes do Budismo ser introduzido. Entretanto, havia uma guerra entre duas famílias poderosas nomeadas Mononobe e Soga que impedia a expressividade do Budismo no Japão.
A família de Mononobe acreditava em uma religião nativa e tentava manter o Budismo fora do Japão. Por outro lado, a família de Soga estava realmente interessada no Budismo, porque essa religião era de um país desenvolvido. O príncipe Shotoku (taishi de Shotoku) também se interessou pelo Budismo. Apoiado pela Família de Soga, ele participou da guerra contra a família de Mononobe. Quando a família de Soga e o príncipe Shotoku estavam a ponto de iniciar a guerra, ele esculpiu o Quatro Devas de madeira. Ele o trouxe para onde a luta estava acontecendo e o pôs acima da linha dianteira. De efeito, o clima da situação mudou e a família de Mononobe perdeu a guerra. Após o término da guerra entre as duas famílias, o Budismo floresceu no Japão.
Em tempos atuais, há várias denominações para Budismo no Japão, dentre elas, Nichiren, Shingon, Joudo, Joudoshinshu, Tendai, e Zenshu. A cobra era uma criatura sagrada, podendo ser encontrada na decoração e no desígnio de cerâmica do Período de Jomon. A criatura sagrada eventualmente virou um pássaro durante o Período de Yayoi devido a influências culturais da Coréia.

Era Nara

O Período de Nara começou após a antiga capital ser movida a Heijou-kyou pela Imperatriz Genmei.
Este período durou menos de 100 anos entretanto cedeu os registros históricos antecipadamente, registros geográficos, mitologia, e um livro de poemas.
O templo de Toudai foi construído e havia uma grande imagem de Buda dentro deste edifício. Este período se acabou quando a capital foi movida a Heian-kyou.
Este período é seguido pelo Período de Heian.
O Japão durante o Período de Nara era principalmente uma sociedade agrícola e baseada am aldeias.
A maioria dos japoneses morou em casas de cova e adorou o Deus de forças naturais e antepassados.
O desenvolvimento cultural mais influente na Era Nara foi o florescendo de Budismo. Várias escolas de pensamento budista importadas da T'ang China tiveram seu espaço na cidade de Nara.
A vitalidade de Budismo naquele tempo conduziu a uma integração mais íntima de Budismo com governo japonês.
Os imperadores de Nara reverenciaram em particular profundamente um ensino budista chamado o Sutra de Luz Dourada; nisto, Buda é não só estabelecido como um ser humano histórico mas também como a Lei ou Verdade do universo.
Cada humano tem razão para distinguir o bem do mal.

As eras restantes ainda estou em fase de tradução.

Escrito e traduzido por Roberto Tuji

Kanji - Origem

Kanji

Há várias teorias sobre o desenvolvimento dos kanjis, e nenhuma delas é concreta. Uma das teorias informa que há uns 5.000 a 6.000 anos atrás, um historiógrafo chinês Ts'ang Chieh viu através do kanji uma idéia de como expressar símbolos de coisas por escrito, obtendo inspiração a partir da impressão do pé de pássaros em um campo de neve.

Outra teoria diz que começou quando Fu Hsi, um dos três imperadores da época, mudou o registro oficial do método de "nós de corda" para método de "carta". Ambas as teorias são, provavelmente, ao invés de opiniões legendárias, fatos históricos confiáveis. Porém, o fato seguro é que a carta de kanji mais antiga é a inscrição em ossos de animais e em cascos de tartarugas que foram introduzidos durante os dias do vigésimo segundo imperador de Shang (Yin) - há aproximadamente 1100 a.C. .

Seis categorias de formação do kanji levam a sua origem em pictografia. Porém eles passaram por várias mudanças até alcançarem as formas atuais, como combinação ou consolidação de cartas diferentes, emparelhando significado e pronúncia. Essas seis categorias são chamadas de "rikusho".

1.Shokei (pictografia)
2.Shiji (ideografia simples)
3.Kai'i (combinação ideográfica)
4.Keisei (fonética ideográfica)
5.Tenchu (derivado)
6.Kashaku (empréstimos fonéticos)


1. Shokei (pictografia) - São caracteres originados de desenhos ou imagens.



2. Shiji (ideografia simples) - São caracteres originados de símbolos devido a dificuldade de serem expressos através de desenhos ou imagens.



3. Kai'i (combinação ideográfica) - São caracteres originados de outras combinações já existentes. Por exemplo, o caractere de descanso é uma estrutura resultante da combinação do caractere de homem em repouso ao lado do caractere de árvore. Outro exemplo seria a combinação de duas árvores lado a lado gerando o caractere de floresta.



4. Keisei (fonética ideográfica) - São caracteres originados de um elemento que representa um certo objeto e um outro elemento representando sua fonética.



5. Tenchu (derivado) - Existem várias explicações para essa categoria e uma delas diz que alterando um caractere puro ou juntando-se com outro deu-se origem a um novo caractere.



6. Kashaku (empréstimos fonéticos) - Essa é a categoria em que a pronúncia é de maior prioridade do que o significado. Também é usado para palavras importadas.




Escrita em madeira




Escrita em casco de animal




Escrita em casco de tartaruga



Escrito e traduzido por Roberto Tuji

Bibliografia:
Kanji no Rekishi - Atsuji Tetsuji

Hiragana e Katakana - Origem

Hiragana

Monge budista conhecido como Kukai (774-835 d.C.) foi quem criou o hiragana, o mais redondo dos sistemas silábicos Kana. A simplificação do kanji fonético criou a literatura de Heian (794-1185, Era Heian), o qual habilitou as mulheres, que eram consideradas incapazes de aprendizagem para escrever os carateres chineses complexos e, conseqüentemente, não conseguiam se expressar por escrito. Como resultado, os primeiros trabalhos publicados em hiragana no Japão foram escritos por mulheres.

O mais importante dos trabalhos de Heian é Monogatari de Genji (O Conto de Genji) por Murasaki Shikibu. Cada sílaba do hiragana foi derivado de um caratere chinês. A função primária do hiragana é expressar palavras japonesas nativas que não são expressadas por kanji. Também é o único manuscrito usado para partículas.

As crianças no Japão aprendem primeiro o hiragana, desde que eles já tenham um conhecimento do idioma falado. Elas escrevem em hiragana em vez de kanji até um certo grau escolar. Na língua japonesa, os verbos e os adjetivos são escritos usando o que chamamos de okurigana. O okurigana nada mais é do que a parte do verbo ou adjetivo que se flexiona, o que não acontece com o radical do kanji (parte que não se flexiona semelhante ao cant- do verbo cantar).

Enquanto as crianças estão aprendendo a leitura de novos kanji, ou quando se espera que uma pessoa adulta não saiba uma leitura incomum de um caractere chinês, uma leitura em hiragana é escrito sobre o kanji. Nessa situação, eles são denominados como sendo furigana ou yomigana ("lendo kana").


Katakana

O cientista Kibino Makibi foi quem criou o Katakana na era de Nara(antes da Era Heian). Este sistema silábico foi empregado principalmente por homens. Atualmente no Japão, o Katakana é principalmente usado para escrever palavras adotadas de outros idiomas. Por causa da boa relação que o Japão tem agora com os Estados Unidos, normalmente se adotam palavras do inglês. No passado, eram usadas também palavras da Holanda, de Portugal e da China.

Não esqueça que aqueles caracteres de Katakana representam sons japoneses, e não sons da língua inglesa. Às vezes, os japoneses usam uma ou mais palavras de outros idiomas e as mudam um pouco para fazer suas próprias novas palavras em japonês, tornando difícil designar os significados dessas novas palavras. Uma outra formação em que os japoneses usam freqüentemente Katakana é a onomatopaica.

Onomatopéia são palavras usadas para tentar reproduzir sons. Quando você quer reproduzir o som que um gato faz, você dirá provavelmente "miau". Esse é um exemplo de onomatopéia. Há muito mais onomatopéia em japonês que em inglês. No Japão existem dicionários muito longos com quase 400 páginas. Para tornar a aprendizagem do Katakana mais fácil, eis a seguir quadros de todos os caracteres. Clicando em cada caractere, você poderá aprender a sua escrita correta.

Escrita Japonesa - Origem

História

Por pesquisa diligente, tem-se agora evidência conclusiva para as relações genéticas dos principais idiomas do mundo. O inglês, junto com outros idiomas falados na Europa, na Rússia e na Índia, pertence à família lingüística indo-européia. Em contraste, não há nenhuma evidência conclusiva relacionando o japonês a uma única família de idiomas.

A hipótese mais proeminente insere o japonês na família de Altaic que inclui o turco tungusic, mongol, e coreano - com a relação mais íntima para o coreano. Segundo Roy Andrew Miller, o idioma de Altaic original foi falado no Transcaspian, estepe do país, e os oradores desse idioma empreenderam migrações volumosas antes de 2.000 a.C., difundindo essa família lingüística do oeste da Turquia para o leste do Japão.

Porém, tal hipótese é incompatível com algumas características principais do japonês. Assim sendo, alguns estudantes consideram os idiomas do sul do Pacífico na família de Austronesian como pistas de relação genética. Vários lingüistas históricos japoneses acreditam na hipótese de uma teoria "híbrida" que o enquadra à família de Altaic, com influências lexicais dos idiomas da Austronesian possivelmente.

Também é importante notar que na ilha do norte de Hokkaido, as pessoas de Ainu, que são física e culturalmente diferentes do resto dos japoneses, falam um idioma que aparentemente não se relaciona a uma única família lingüística. Com a introdução do sistema de escrita chinês, que começou aproximadamente há 1.500 anos, os japoneses iniciaram o registro do seu idioma extensivamente por poesia e prosa.

O idioma daquela época, que era chamado japonês velho, teve várias características modificadas no decorrer do tempo. Por exemplo, Susumu Ono tem discutido que o japonês velho apresentava oito vogais em vez das cinco que nós temos hoje. Também havia várias características gramaticais e morfológicas que não mais vigoram.

A transição do japonês velho para o japonês moderno ocorreu por volta do décimo segundo século d.C. para o décimo sexto século d.C. O sistema de escrita japonês é escrito tradicionalmente na vertical, com as linhas a partir do lado direito da página. Enquanto esse modo de escrita ainda é predominante, há outro modo que é idêntico ao inglês, no qual se inicia a partir do lado esquerdo no topo, em linhas horizontais. O japonês é escrito usando dois sistemas de ortografia: caracteres chineses e caracteres silábicos. Os caracteres chineses, ou kanji, foram trazidos da China há aproximadamente 1.500 anos. Antes da sua introdução,o japonês era restritamente um idioma falado.

Caracteres chineses são sem dúvida o sistema mais difícil devido ao número transparente de caractere, a complexidade de ambos na escrita e leitura de cada caractere. Cada caractere é associado a um significado. Existem milhares de caracteres atestados, mas, em 1946, o governo japonês identificou 1.850 caracteres para uso diário.

Em 1981, aumentou-se a lista para 1.945 caracteres e a nomearam de Lista de Joyo Kanji (kanji para uso diário) Os caracteres na lista de uso diário são aprendidos nas escolas primárias e secundárias, e os jornais geralmente limitam o uso de caractere a essa lista.

A maioria dos caracteres é associada a pelo menos duas leituras: a leitura japonesa nativa e a leitura que simula a pronúncia chinesa original do mesmo caractere. Se o mesmo caratere entrasse no Japão em períodos diferentes ou de regiões de dialeto diferentes da China, o caractere poderia ser associado a várias leituras chinesas que representariam períodos históricos diferentes e diferenças dialetais. Por exemplo, o caractere "ir" tem quatro leituras diferentes: a leitura japonesa e três leituras originalmente chinesas distintas. O segundo sistema de escrita é o silábico, ou kana, que foi desenvolvido pelos japoneses há aproximadamente 1.000 anos, originado de certos caracteres chineses.

Cada silabarismo representa uma sílaba no idioma e, assim como também carateres chineses distintos, representa um som mas não significado. Há dois tipos de sílabas: hiragana e katakana. Cada um contém o mesmo jogo de sons. Por exemplo, o "ka" em japonês pode ser representado pelo hiragana ou pelo katakana, ambos originados do caractere chinês. Hiragana é freqüentemente usado em combinação com um caratere chinês. Por exemplo, o caractere representa a raiz de um verbo aproximado e a inflexão é escrita com hiragana. Katakana é usado para escrever palavras de empréstimo de idiomas ocidentais como inglês, francês, e alemão.

É comum achar kanji, hiragana, e katakana sendo usados na mesma oração. Junto com carateres chineses e silábicos, são empregados às vezes alfabetos romanos para, para exemplo, nomes de organizações. Companhias como Honda, Toyota, e Sony usam freqüentemente alfabetos romanos para o nome da marca em anúncios.

Escrito e traduzido por Roberto Tuji

Bibliografia:
Kanji no Rekishi - Atsuji Tetsuji
Kanji YomiKakiJiten - Ishii Atsushi

Mercado japonês II



Li a pesquisa sobre o “comportamento do consumidor brasileiro em supermercados no Japão”, achei ótimo a iniciativa e principalmente as conclusões desta. Alguns fatos foram interessantes, como por exemplo, o percentual de pessoas que responderam as pesquisas, 76 pessoas, simplesmente 2,53% das 3.000 solicitadas.

No meu ponto de vista, o maior entrave no relacionamento entre brasileiros e japoneses não está diretamente relacionado à língua japonesa, como o artigo menciona, mas sim nas diferenças culturais. Um estrangeiro pode falar muito pouco a língua japonesa, tanto falada como escrita, mas se conhecer a aplicar a cultura, ele terá um excelente relacionamento com os nativos japoneses. Mas aí é que mora o problema. Por exemplo, como aprender a cultura? O que os japoneses esperam dos estrangeiros? Qual a minha posição na hierarquia da empresa onde trabalho? Qual a minha função no bairro onde resido? Quais as minhas obrigações como cidadão?
Podemos observar que em momento algum se tocou no assunto “língua japonesa”, mas sim em comportamentos.

Na realidade, o relacionamento entre japoneses e estrangeiros em geral, falando aqui do nosso caso – os brasileiros, é semelhante a uma negociação. O Japão precisa de mão de obra, os brasileiros de melhores condições financeiras, então precisamos negociar. Para uma negociação ter bons resultados, ambas as partes precisam expor suas expectativas, e procurar uma negociação ganha-ganha, caso contrário uma das partes pode se sentir lesado. Alguém já perguntou para os japoneses o que eles esperam dos brasileiros para que haja integração social?

Os dados coletados nos mostram que os supermercados brasileiros não estão preparados para entrar no mercado japonês, digo, vender também produtos para japoneses. Na realidade não há necessidade de muito investimento físico como muitos devem pensar, o maior investimento está na mudança de paradigma do empreendedor e nas pesquisas do comportamento do consumidor japonês, que é único no mundo e contém pouquíssimas publicações falando a respeito, sendo a maioria delas escrita em japonês ou inglês.

Outro detalhe que observei foi a grande procura por produtos vendidos em supermercados japoneses e o índice de 75% de sanseis. Como os sanseis são filhos de nisseis, nota-se uma tendência ao esquecimento dos produtos brasileiros, uma vez que a maioria desses sanseis está se habituando ao paladar dos alimentos japoneses. Noto isso aqui na Big Bel, onde essas pessoas gostam mais das pizzas japonesas, tipo teriyaki chicken, tsuna mayo bacon, mochi pizza, do que as tradicionais brasileiras, como a calabresa, palmito, baiana e frango com catupiry. Como estará o mercado brasileiro que só vende produtos do Brasil daqui a 10 anos? Alguém já pensou nisso?

Observa-se que a classificação “Ruim” aparece em todas as variáveis da pesquisa no caso dos supermercados brasileiros e “zero” nos supermercados japoneses. Tira-se a conclusão que dificilmente um japonês vai fazer suas compras em lugares assim. Se o próprio brasileiro acha “Ruim” imagine como será a opinião dos japoneses.

Com relação ao gráfico “Como ficou sabendo do supermercado”, o item passando em frente teve um percentual de 41,41%, acredito que esse valor elevado seja derivado da grande mobilidade que os brasileiros fazem procurando bons empregos, pois quando chegam num local novo demoram vários meses até conhecerem os comércios locais.

A grande diferença entre os consumidores japoneses e brasileiros está na freqüência de compras, enquanto os brasileiros fazem semanalmente, os japoneses preferem as compras diárias, por serem mais fresquinhas e também por aproveitarem as promoções que essas grandes redes fazem de alguns produtos. Esse é um dos grandes fatores que os japoneses dificilmente farão compras em supermercados brasileiros, pois acima do preço baixo eles procuram produtos fresquinhos. Um produto vencido na prateleira é inadmissível no Japão.

Parabéns aos pesquisadores pelo trabalho!

Aqui está o link da pesquisa: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/170/573

terça-feira, 4 de maio de 2010

Gráfico "Resultado x Horas"

Um dos fatores da elevada taxa de desistência no aprendizado da língua japonesa deve-se ao fato do desconhecimento do gráfico "resultado x horas". Como o resultado esperado não vem imediatamente achamos que não temos a capacidade o suficiente para atingirmos nossos objetivos, e quando vemos alguém que tenha conseguido sucesso nos estudos acreditamos que essas pessoas são mais inteligentes do que nós. Precisamos entender que o resultado é lento e que será necessário uma enorme dose de persistência, caso contrário desistiremos antes de obtermos os primeiros sintomas dos resultados.



Por exemplo, se o seu objetivo estiver na escala 1000, obviamente que você terá que passar pelas fases iniciais do seu aprendizado, começando por 2 e seguindo exponencialmente até ultrapassar a escala desejada, atingindo o seu objetivo.

Observe que o gráfico segue uma função exponencial do tipo f(x) = 2x obs: 2 elevado a potência “x”. Esse tipo de função serve para representar situações em que ocorrem grandes variações, é importante ressaltar que a incógnita se apresenta no expoente.

No Brasil temos a cultura de querer resolver os problemas de imediato e não procuramos planejar as ações para que esses problemas não apareçam. O imediatismo tem como conseqüências negativas trabalhos mal elaborados, erros, e o pior é a possibilidade de nos transformar em pessoas frustradas, pois descobrimos que nunca temos tempo pra nada.

Veja esse artigo interessante: "A tendência ao imediatismo pode comprometer seu futuro." http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/ralph.html

O gráfico pode ser aplicado para todas as áreas da nossa vida, desde pessoal até profissional. As metas maiores devem ser transformadas em “pedacinhos menores”, que se somando a atingiremos por completo, caso contrário temos a sensação de impossibilidade, que vai nos causar desestímulo em alcançá-las.





As metas, para serem atingidas com sucesso devem seguir o modelo “SMART”, onde:

S = Específica
M = Mensurável
A = Atingível
R = Relevante
T = Temporal

Específica: Precisamos especificar detalhes, como por exemplo, quero comprar uma casa estilo colonial, jardim, 4 quartos sendo uma suíte, garagem para três carros, etc...e não somente comprar uma mansão.

Mensurável: Aqui é necessário especificar valores, números, como por exemplo, poupar 1.000 dólares mensais, emagrecer 10 quilos, etc.

Atingível: Nossas metas devem ser alcançáveis e não impossíveis. Se você colocar algo muito acima da realidade, o desânimo e a desistência logo virão, causando uma sensação de fracasso.

Relevante: Muito importante ser relevante pra você, é o seu propósito de vida, dever possuir um sentimento de realização pessoal.

Temporal: As metas devem ter um tempo para serem atingidas, dê um prazo final colocando hora, dia, mês e ano.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Entrevista com a Assessora de imprensa do Sebrae/SP

Entrevista na íntegra com a Assessoria de Imprensa do Sebrae/SP, para um estudo de caso de empreendimento de franquia de brasileiro no Japão.


"
Boa tarde Sra. Vanna Allas,

Tudo bem? Como foi o final de semana?

Bem, vou tentar ser o mais breve possível nas respostas, mas focando nos detalhes mais relevantes.

- Como foi a parceria entre o Senhor e o SEBRAE?
R = Na realidade não tivemos nenhuma parceria, o que aconteceu foi que eu entrei em contato com o SEBRAE de Mogi das cruzes para a realização de alguns treinamentos na área de administração, mais precisamente do Empretec. Porém, eu tinha pouco tempo de permanência no Brasil, e obtive muita ajuda dos staffs dessa unidade, entre eles estão o Sr. Eduardo Fukuyama, Senhor Álamo, Sr. Cláudio (Claudinho) e outros que no momento não me recordo o nome (desculpe, rs).

Com esse suporte eu e minha esposa conseguimos realizar o Empretec ao mesmo tempo, mas em unidades separadas. Eu fiz em Tatuapé/SP e ela em São José dos Campos. Confesso que foi o melhor treinamento que já realizei em minha vida, e os conhecimentos adquiridos no Empretec foram aplicados em minha empresa no Japão, a Big Bel Pizzas.

Passei uma boa parte do tempo realizando cursos pelo SEBRAE, além de serem muito práticos, conseguimos ampliar nossa rede de contatos.

- O Senhor veio para o Brasil para ter tal assessoria do SEBRAE e outras?
R = Vim ao Brasil com a intenção de realizar dois treinamentos, o Empretec, do Sebrae e o University Franshising, pelo Grupo Cherto. Fazia sete anos que não vinha ao Brasil, fiquei fascinado pela quantidade de treinamentos existentes, e não resisti, realizei vários outros, entre eles dois de pizzaiolos (Senai e pelo Sindicato dos Bares e Restaurantes de São Paulo), "Excelência no Atendimento ao Cliente", "Garçon e Garçonete", e outros de curta duração.

Eu estava com a intenção de ampliar a pizzaria e formatá-la com franquia, por isso a razão da escolha desses dois principais treinamentos. Meu irmão realizou o Empretec em Belém do Pará, e notei uma grande mudança nas suas atitudes como dono de negócio próprio. Depois com calma fiz uma longa pesquisa pela internet usando a CCE "busca de informações" e descobri que o empretec era o que estava me faltando.

- No que ajudou em seu novo negócio?
R = Em tudo. O Empretec foi à base para as mudanças que fiz no meu negócio, caso contrário já estaria com as portas fechadas com a chegada da crise econômica que abalou o Japão. Voltei em Maio de 2008, e assim que cheguei fui aplicando urgentemente os conhecimentos adquiridos no empretec na minha pizzaria. Nessa época já estava com quatro unidades, mas sem estrutura alguma, crescemos rápidos, mas sem planejamento algum. Quando a crise estourou no Japão, em Dez/2008, eu já tinha feito várias mudanças na empresa, foi a minha salvação e dou graças a Deus por ter agido com rapidez. As características do empreendedor de sucesso são até que fáceis de entender no treinamento, mas muito difíceis de executá-las na prática, mas como tinha ido “determinado" a querer mudar o rumo de minha vida, não senti muita dificuldade em executá-las, a maior dificuldade foi fazer a minha equipe entender meu "novo" modo de pensar em relação à situação.

- Poderia-me dizer diferenciais entre os cardápios brasileiros e japoneses?
R = Essa pergunta foi a minha maior vilã nessa estória Vana. Vou explicar o por que. Um pouco antes da chegada da crise econômica aqui no Japão, toda a nossa comunidade já comentava o seguinte assunto: "precisamos entrar no mercado japonês". Na realidade essa vontade sempre existiu, mas até hoje não conheço uma empresa que esteja realmente no mercado varejista japonês e as poucas que tentaram não obtiveram êxito, e não foram poucas não.

Um detalhe eu tinha certeza, os japoneses não apreciam as nossas pizzas (calabresa, portuguesa, quatro queijos, carne seca, palmito, etc.). Descobri isso analisando os primeiros japoneses que compravam pizzas com esses sabores, não retornavam mais, achava muito estranho esse comportamento, mas para ter a certeza disso iniciei minhas pesquisas usando uma CCE chamada "busca de informação".

Fiz um levantamento nas maiores redes de pizzarias do Japão (pizza hut, dominos pizzas, pizza-la) para saber quais sabores eram mais apreciados pelos japoneses, e cheguei a triste conclusão que era a de "frango doce com maionese e nori”. Nori é uma espécie de alga muito apreciada na Japão.
Realmente, se compararmos com as nossas tradicionais, nenhum japonês vai comprar duas vezes conosco. Mas mesmo com essa descoberta ainda tinha uma grande dúvida, como se prepara esse frango doce com maionese e nori? Seria necessário um japonês pizzaiolo para poder ensinar e não conhecia nenhum.
Usei mais uma vez a "busca de informação" e fui procurar na internet até que encontrei uma pessoa que estava vendendo um forno no leilão do Yahoo Japão. Entrei em contato com ele e fiz uma proposta muito difícil de ser aceita assim de imediato por um japonês, afinal nós nunca tínhamos conversado antes e eu era um estrangeiro. Ele mora no Norte do Japão e a cidade em que eu estou fica bem no centro, mas depois de alguns contatos ele finalmente aceitou.

Peguei sua passagem de ida e volta, e os dias em que ficou nos ensinando. Foi uma experiência fantástica e inacreditável perante os amigos japoneses que diziam que é muito difícil um japonês acreditar num estrangeiro nessas condições. Isso provou que a perseverança é uma característica de quem acredita num sonho.

Ele me ensinou todos os detalhes do cardápio japonês e hoje estamos com uma boa aceitação nesse mercado, temos clientes que vem todas as semanas e já faz quase um ano que é nosso cliente.

Para que tudo isso fosse possível, além dos treinamentos do Empretec e da University Franchising, tive que fazer outros cursos, só que dessa vez foi na área de marketing. Fiz primeiramente os “Fundamentos do Marketing" pela FGV-Online, e logo em seguida o "Marketing de Relacionamento" pela mesma instituição, ambos em Abril/2008.
Fiz para poder entender como se pratica a "segmentação de mercado", que era o que eu teria que fazer.
Mas para o meu caso especificamente não tinha dados o suficiente, o que tinha eram informações de segmentação de mercado por "idade- crianças, jovens, adultos, etc..", "sexo- masculino e feminino" e "poder aquisitivo- classes sociais".

Segmentar o mercado pelo parâmetro "cultura" é uma tarefa extremamente difícil, ainda mais em se tratando do Japão, um país super fechado ao estrangeiro, afinal você precisa conhecer muito bem as culturas que você ira segmentar, no meu caso, a japonesa e a brasileira. A minha experiência de quase 20 anos no Japão e o conhecimento da língua polida foram grandes trunfos nesse momento, mas mesmo assim ainda me faltava informações para que eu conhecesse melhor o meu "novo cliente", que seriam os japoneses. O que eu precisava saber era "qual produto ele quer comprar", "qual o preço que está disposto a pagar" e principalmente se ele "vai entrar na minha pizzaria".

Depois fui comprando vários livros que ensinavam como se devem tratar os clientes em determinados estabelecimentos comerciais, tipo lojas de roupas, restaurantes, etc. Mas todas essas informações estão em japonês, o que limita a entrada de estrangeiros nesse mercado, a não ser que seja fluente tanto na fala como na leitura e escrita, não esquecendo principalmente da cultura, dos gestos e movimentos corporais. Aqui no Japão se fala pouco, mas um gesto ou linguagem corporal quer dizer muita coisa.

Pesquisei por vários meses, todos os dias, informações semelhantes ao meu caso, mas não encontrei. Encontrei informações parecidas, mas que ajudaram bastante nas decisões que foram tomadas posteriormente.
Por exemplo, como a Pizza Hut conseguiu entrar no mercado japonês? O que ela fez pra adaptar suas pizzas ao paladar dos japoneses? O mesmo valeu pra dominos pizzas, o que ela fez pra entrar no mercado?
Imprimi dezenas de folhas com esse conteúdo e a cada "estudo de caso" que lia, meus conhecimentos iam se fortalecendo e me dando mais coragem pra levar em frente esse projeto que o considerava o nosso "Oceano Azul".

Mas essas empresas já eram gigantes quando vieram ao Japão, e a maioria entra no Japão através do sistema "Joint Venture", que é uma expressão de origem americana designando uma forma de aliança entre duas ou mais entidades juridicamente independentes com o fim de partilharem o risco de negócio, os investimentos, as responsabilidades e os lucros associados a determinado projeto.

Mas como eu poderia fazer isso? Qual empresa japonesa toparia essa parceria com a Big Bel? Essa hipótese foi logo descartada por mim e o jeito foi arregaçar a manga e usar a técnica do "TBC", "tirar o bumbum da cadeira" e "fazer acontecer".

- O Senhor também faz a entrega, isto é para economizar com funcionário? Não tomam seu tempo?
R = Boa observação Vana san. Eu sai naquele dia de propósito, devido a reportagem, mas geralmente eu sou o último a sair pra fazer entregas. Essa foi uma das medidas que tomei quando retornei do Brasil. Antigamente saia muito pra fazer entregas e acabava deixando a pizzaria sem responsável nesse período. Já tivemos várias reclamações de demora nas entregas devido ao fato do entregador não localizar um determinado endereço e existem momentos em que é necessário tomar uma decisão sobre uma reclamação de um cliente ou coisa parecida e sem o responsável pra tomar a frente podemos cometer falhas terríveis.

Os endereços são super complicados, todos em japonês e naquela escrita complicada (caracteres japonese, os kanji, sem o "s" do plural). Quando eu vou contratar alguém pra ajudar nas entregas, dou preferência para pessoas brasileiras que lêem esses caracteres, caso contrário fica limitado.


- No Japão tudo é tão desenvolvido. O Brasil fica aquém ou além?
R = Bem Vana, vou comentar somente ao sistema de "delivery", pois sobre restaurantes pizzarias não tem muita diferença.
As pizzarias de delivery aqui no Japão são muito bem equipadas, tanto no contexto "informática" como em "processos".
Tudo é em forma de "sistema", os softwares de pedidos, banco de dados, seqüência de montagens das pizzas, pesos dos ingredientes, os softwares de endereços, a panfletagem dos menus nas casas, enfim, tudo é sistematizado no Japão.

Quando estive no Brasil senti um grande impacto ao entrar numa pizzaria tipo delivery em São Paulo. Tudo ainda é manual, os pedidos em bloquinhos de papel, sem bancos de dados, não existe um mapa bem definido da área de entrega e também não vi um sistema de panfletagem eficiente.

Observei também que os entregadores de pizzas no Brasil fazem somente entregas, e quando não tem ficam parados esperando novos pedidos. As motos não são da empresa e sim dos entregadores e também não são padronizadas em cores e logotipo. Usa-se umas mochilas nas costas e me pareceu pesadas, rs...deve dar uma dor nas costas no final do dia né !

Vana, existem muitas diferenças entre Brasil e Japão no quesito “delivery", mas vou ficando por aqui, senão não vou acabar de escrever hoje, ta. Mas se você precisar de detalhes eu posso escrever mais tarde, combinado assim?

- Como o senhor vê o diferencial de sua empresa em relação a outras pizzarias no Japão?
R = Digamos que usamos a "Estratégia do Oceano Azul", de W. Chan Kim e Renée Mauborgne, os autores do best seller.
Eles ensinam: “Não concorra com os rivais — torne-os irrelevantes”.

Na realidade não li todo o livro, mas algumas partes dele.

Essa pergunta tem duas respostas: Em relação às pizzarias brasileiras e pizzarias japonesas, pois ambas são nossas concorrentes.
1 - Em relação a pizzarias brasileiras: Alguns concorrentes nossos, outras pizzarias, não entraram ainda no mercado japonês, talvez por não conhecer bem a língua e cultura ou por achar uma coisa impossível de se realizar. Aqui em Toyota city, onde a pizzaria Big Bel nasceu há oito anos, os concorrentes não duram muito, a nossa estratégia de marketing é muito agressiva e nosso relacionamento com os clientes é intenso, estamos sempre inovando com alguma coisinha aqui e ali que vai dando um diferencial no final do ano.

Depois que conclui esses treinamentos, Empretec, Marketing de Relacionamento, etc... senti um grande avanço no tato com os clientes, procuro ter um relacionamento além de cliente-empresa, e sim de cliente-amigo, afinal estamos todos numa terra estranha e longínqua e com os mesmos objetivos, "vencer na terra dos samurais". Eu e minha esposa dividimos as obrigações da seguinte forma:

Eu: O garoto propaganda da pizzaria, sempre que chega um cliente japonês, brasileiro, peruano ou filipino, eu tomo a frente e vou atendê-lo, se for japonês falo= Irashaimase, brasileiro = Boa noite, peruano = Buenas noches, e filipino = Magandan Gabi
Procuro conversar com os clientes para saber de onde ele é do Brasil, onde mora, se está com a família, se está trabalhando, como ficou sabendo da pizzaria, etc. Claro que antes eu vejo se ele permite tal acesso, caso contrário fico na minha, mas tudo isso é muito rápido e dura alguns segundos apenas. Com essas informações eu consigo traçar um breve perfil dos nossos clientes e também da nossa área de abrangência.

Quando o cliente é japonês o negócio é um pouco diferente. Eles gostam de conversar, mas precisamos antes identificar se ele permite ou não uma aproximação, e isso só se aprende depois de muita convivência com eles. Se o espaço do cliente japonês for invadido sem permissão, provavelmente ele não voltará ao seu estabelecimento, e você nem saberá o motivo de sua ausência. Esses pequenos detalhes fazem parte da cultura japonesa e não temos como ignorá-la. Tem até um ditado que diz assim "Deus está nos detalhes"

Esposa: Toma a iniciativa da produção do pedido feito até a entrega, depois eu pego e vou entregar finalmente pro cliente e quando ele está saindo todos falam ao mesmo tempo, se for japonês = Domo arigatou, brasileiro = Muito obrigado, peruano = muchas gracias, e filipino = Salamat pô

2 - Em relação a pizzarias japonesas: Bem, acredito que os japoneses não gostaram muito de saber que tem brasileiro fazendo pizzas pra outros japoneses, mas até o momento não tivemos problemas.
O aumento de 15% a 20% das vendas foi devido ao mercado japonês, acho isso fantástico, pois o número de clientes brasileiros está limitado a somente os que moram na minha cidade que são aproximadamente 6.500 pessoas. Esperamos aumentar aos poucos esse percentual, afinal ainda não fizemos um ano nesse novo mercado.

As pizzarias japonesas não conseguem entrar no mercado brasileiro, acho isso muito difícil de acontecer, mas estamos preparados pro que der e vier.

- Como foi o processo de o seu negócio se tornar conhecido e de credibilidade a ponto de ter quatro franquias?
R = A nossa comunidade é pequena aqui no Japão e a propaganda boca a boca é uma coisa incrível, tem um efeito gigante tanto para o bem como para o ruim.

Tudo começou assim Vana: Antes mesmo de iniciar o negócio sempre admirei as grandes redes de franquias tipo, McDonalds, Pizza Hut e outras, mas nunca havia imaginado um dia em criar um sistema assim.

Iniciamos a primeira unidade na cidade de Seto, na província de Aichi, somente com delivery. Depois de 3 meses nós mudamos pra cidade de Toyota e abrimos o salão para servirmos internamente também. Ficamos assim por uns 3 anos até que resolvi que estava na hora de iniciar a expansão. Iniciei abrindo a primeira, depois de 1 ano a segunda, depois de 1 ano a terceira. Até ai usava o meu capital próprio e todas eram unidades próprias, pois a minha intenção era de abrir franquias depois da quarta unidade.
Depois de certo período senti uma grande dificuldade em administrar todas ao mesmo tempo e então usei a seguinte estratégia:
Ao invés de anunciar publicamente a venda de uma franquia eu fui observando com muitos detalhes aqueles funcionários mais dedicados e com certo perfil empreendedor, e aos poucos fui dando novas responsabilidades tipo, fechar o caixa, deixar a pizzaria por algumas horas sob sua responsabilidade até que deixei por um dia inteiro em suas mãos.
Depois de pré-selecionado, foi o momento de fazer-lhe a oferta, a maioria ficou surpreso, afinal podia sair da fábrica e trabalhar num negócio já em andamento e lucrativo também, e o mais importante, já me conhecia pessoalmente e o trabalho que ia fazer.
E assim fechei negócio com todas elas. Quanto ao pagamento fizemos um acordo em receber uma parte à vista e o restante parcelado, sem fiador, pois já o conhecia por certo tempo e tinha credibilidade comigo. Ficou combinada uma quantia de royalties também.

Depois que veio essa crise a situação mudou um pouco, as vendas baixaram quase 40 % em algumas pizzarias e tivemos que renegociar alguns valores para podermos continuar a ser competitivos. Mas nenhuma unidade fechou desde que abrimos.


- Como está seu negócio neste primeiro semestre de 2010? E o mercado japonês em relação à crise mundial está mais estável?
R = Digamos que melhorou bem, apesar de ainda estarmos numa grande deflação aqui no Japão. Acredito que em comparação ao ano passado no mesmo período, e aqui em Toyota tivemos uma melhora de 50%, um índice muito bom. Mas não foi em todas as unidades que aconteceu isso.

De Janeiro pra cá adotamos uma nova estratégia, a de "rodízio de pizzas". Toda semana a casa está cheia de clientes que marcam reservas e vem de lugares distantes de Toyota. As outras unidades também estão com as agendas lotadas, com exceção de Okazaki, que é somente entregas.

Investimos pesado no "marketing de relacionamento" e está dando um bom resultado pra gente, usamos muito as redes sociais, orkut, facebook, website da pizzaria, website em japonês, panfletos, parcerias com outras empresas, propaganda em revistas. Uma grande vantagem de sermos uma rede está no rateio das despesas de propaganda, anunciamos uma página inteira numa revista e cada unidade paga apenas 1/5 do valor total.

Outra estratégia que está dando um resultado fantástico é o de bater fotos dos clientes e publicar nas redes sociais tipo orkut e facebook. Inclusive fiz um convite de amigo no orkut pra você, foi no nome Big Bel Pizzas Toyota, rs...Lá você vai observar com detalhes como nosso relacionamento funciona. No facebook também. Além de bater as fotos dos clientes, faço questão de anotar o nome de cada um e informo que suas fotos estarão disponíveis em nosso orkut. Todo dia tem gente solicitando amizade conosco. O orkut da Big Bel não tem ainda dois meses.

O mercado japonês deu uma pequena reagida esse início de ano, mas todos temem que há possibilidade de uma nova crise por aqui. O consumo interno está devagar, o cliente japonês consome muito pouco em tempos de crise, são super prevenidos e preocupados com o futuro. O cliente japonês solteiro é responsável por 70% de nossas vendas, e as pizzas mais vendidas são de tamanho "M" ou "S". Já o brasileiro, peruano e filipino são diferentes, mesmo uma pessoa solteira pede no mínimo uma pizza tamanho “M" senão uma "L".

Obs:
a) O nosso logo, que aparece no orkut e no nosso site, foi patenteado por mim aqui no Japão.
b) Nosso website está disponível em 4 línguas: http://www.bigbelpizza.com/
c) O nome Big Bel é porque sou de Belém do Pará, mas minha esposa é de Mogi das Cruzes, São Paulo.
d) San = É um termo de tratamento que significa neste caso Sra. ou Srta.



Bem Vana san, acredito que, com essas informações você tenha uma pequena noção do nosso negócio e espero que lhes sejam úteis.

Um abraço,

Roberto Tuji
Big Bel Pizzas - www.bigbelpizza.com

"

domingo, 2 de maio de 2010

Mercado japonês

A inovação faz parte de nossa filosofia. A partir de Maio/2009 a Big Bel Pizzas entrou no mercado japonês de vendas online de pizzas através do portal DemaeCan considerado o maior portal de vendas online japonês. Atualmente são mais de 9.400 estabelecimentos comerciais que estão vendendo seus produtos no portal. O desenvolvimento de pizzas com o paladar japonês foi o grande marco para a entrada nesse tão concorrido mercado, onde temos concorrentes de peso como a Pizza Hut, Domino’s Pizzas, Pizza Califórnia, Aoki’s Pizza entre outras.



O índice de fidelidade do consumidor japonês para vendas online é muito elevado, aproximadamente 75%, o que se torna um obstáculo para novas empresas que pretendem entrar nesse mercado. O fato de a Big Bel ser uma empresa desconhecida no Japão nos obriga a atuar totalmente na inovação, com produtos até antes desconhecidos pelos novos clientes, entre eles as pizzas doces (banana com canela e brigadeiro) e principalmente o lançamento das pizzas assadas ao “forno de pedra”, muito semelhante ao nosso forno a lenha do Brasil.



As pizzas assadas nesse tipo de forno são as típicas italianas da cidade de Nápole, Itália, e muito apreciadas pelos japoneses, tais como a “margherita clássica”, “marinara” e outras que utilizam frutos do mar.

Hoje as vendas online variam de 8% a 10% do total de nossas vendas e temos a meta de atingirmos os 20% até o final do ano com o lançamento de novos produtos, entre eles a adaptação de ingredientes brasileiros às pizzas japonesas.

Os pedidos chegam via fax e a área de atuação gira num raio de 4 km. Além disso, possuímos todos os recursos que as nossas concorrentes japonesas possuem, delivery software em japonês, software de endereços em japonês, atendimento em japonês tanto no balcão como ao telefone e até staffs japoneses.

Procuramos criamos uma estratégia parecida ao “Oceano Azul” do sul-coreano Cham Kim e a professora Renée Mauborgne, onde os autores defendem que é fundamental o profissional parar de olhar apenas para os concorrentes, e começar a pensar em oportunidades alternativas de mercado, em que suas competências serão úteis, a partir de um diferencial que ele tenha e que seja único para um determinado grupo de clientes.