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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Pioneiro da Amazônia

Todos nós descendentes de japoneses, mesmo nascidos e educados no Brasil, temos um pouco das raízes de nossos ancestrais.

Quero compartilhas com vocês, amigos leitores, o histórico de Kotaro Tuji, meu avô já falecido, considerado o "Pioneiro da Amazônia" pela sua perseverança e dedicação à cultura da juta no Pará e Amazonas. Foi o fundador também do Hospital Amazônia, com sede em Belém do Pará.

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Choque Cultural - Japoneses e brasileiros




















PESQUISA - REVISTA ALTERNATIVA

Uma pesquisa feita pela Universidade de Arte e Cultura de Shizuoka e publicada pela revista Alternativa edição 224 de 11 de fevereiro de 2010, mostra exatamente que o choque cultural existente entre as comunidades brasileira e japonesa é a principal razão dos problemas gerados na contratação de estrangeiros. Note que a palavra “cultura” não está explícita nas razões citadas abaixo.
Abaixo o resultado na íntegra:
1 – Dificuldade de comunicação entre japoneses e estrangeiros ................15,7%
2 – Baixo índice de estabilidade ou grande rotatividade............................. 7,3%
3 – Diferenças no modo de pensar em relação ao trabalho......................... 5,3%
4 – Excesso de faltas ou atraso de horário para entrar no serviço................4,0%
5 – Problemas de relações pessoais entre trabalhadores............................4,0%
6 – Insatisfação e freqüente reclamação por causa do salário.....................3,2%
7 – Acidentes de trabalho causados por estrangeiros.................................0,7%
8 – Nenhum problema em especial.........................................................5,3%
9 – Outros problemas............................................................................1,2%
Na minha interpretação praticamente todas essas razões estão diretamente ligadas à cultura. Vejamos:
1 – Essa dificuldade na comunicação existente está relacionada com o desconhecimento da cultura claramente. Os japoneses utilizam na maioria das vezes o “ISHINDENSHIN”, que em japonês fica assim “ 以心伝心”. Essa comunicação é típica dos japoneses e pra você se comunicar em harmonia com eles é necessário um conhecimento mais profundo do modo de pensar deles. Você só conseguirá se comunicar assim depois de muita convivência com eles. Também ai está relacionado puramente com o nível muito baixo da língua japonesa, e como para os japoneses é falta de educação perguntar diretamente as pessoas se entendeu, a comunicação em muitos casos é deficiente gerando problemas no trabalho.
2 – A instabilidade ou grande rotatividade é um grande inimigo aos olhos das empresas japonesas. Eles preferem pessoas mais estáveis a fim de aprender profundamente o serviço pra daqui a pouco tempo se tornarem produtivos e eficazes.
3 – Típico choque cultural entre japoneses e brasileiros. Isso se dá devido aos paradigmas serem completamente diferentes. Os japoneses procuram solucionar um problema de uma única vez, por isso pensam muito antes de tomar qualquer atitude, já o brasileiro tem a mania de resolver na hora, mas sem pensar muito no futuro.
4 – No Japão tudo é muito bem planejado e a mão de obra uma delas. Como não existe estoque no Japão qualquer atraso na produção pode causar problemas gravíssimos para as empresas fornecedoras de peças. Uma falta sem aviso prévio ou atrasos constantes tira qualquer japonês do sério.
5 – Esses problemas acontecem em qualquer lugar do mundo, agora imagine com duas culturas completamente diferentes, torna-se muito grave.
6 – Precisamos entender que a “época de ouro” já passou e com a crise e globalização a lucratividade da maioria dos negócios caiu drasticamente, não há como manter salários elevados como antigamente. Precisamos aprender a criar “metas de longo prazo”, nada de imediatismo.
7 – Muitos desses acidentes são causados pela dificuldade de comunicação entre estrangeiros e japoneses. Mais uma vez a falta do conhecimento da língua entre em ação.
8 – Aqui fica vago, mas muitos empregadores japoneses não são muito abertos a falar sobre empregados estrangeiros, acredito que o desconhecimento da cultura e língua japonesa seja o principal motivo nesse item.
9 – semelhante ao item acima.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ishin-Denshin


Você já ouviu falar do termo "ishin-denshin"? Provavelmente você já tenha escutado, não é mesmo?
Ou quem sabe, até notado isso.
O seu significado é profundo e inerente a cultura japonesa.
É até hoje usado no budismo japonês, onde o mestre utiliza essa técnica de transmissão de filosofia aos seus discípulos sem o uso de palavras, é uma transmissão de coração para coração.
Os japoneses praticam o "ishin-denshin" em todos os momentos de sua vida, no trabalho, na vida pessoal e nos relacionamentos. Entre eles flui perfeitamente, mas quando um estrangeiro entra no jogo, inicia-se um "choque cultural", acredito ser um dos maiores obstáculos para os estrangeiros se integrarem à comunidade japonesa. O fato de não ser correspondido, faz com que o japonês se afaste do interlocutor, dando uma impressão de indiferença ao estrangeiro, o que, por conseqüência gera afastamento também do estrangeiro por se sentir discriminado.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Integração social entre japoneses e estrangeiros


As Associações existentes com o objetivo de realizar a integração à sociedade japonesa estão com o foco invertido. Não é a comunidade japonesa que deve se integrar à sociedade brasileira existente no Japão, mas sim a brasileira que deve se integrar à sociedade japonesa. Alguém já perguntou pra comunidade japonesa o que eles pensam sobre a integração social com os estrangeiros?

Precisamos criar uma “emulsão cultural”. Por exemplo, a água e o óleo não se misturam por ser uma mistura heterogênea cujas densidades de seus elementos são diferentes, o óleo mais leve fica em cima e a água mais densa em baixo. Mesmo você misturando com agitação eles logo se separarão. A única maneira de torná-los definitivamente misturados é criando uma emulsão, que nada mais é do que quebrá-los em minúsculas gotículas. Uma emulsão consiste em milhões de gotículas de um líquido, em suspensão no interior de outro líquido. O mesmo acontece com duas culturas heterogêneas, como é o caso em questão. Os dois lados terão que ceder um pouco, mas o problema é: os japoneses estão dispostos a fazer isso?

Temos que agir rapidamente, pois já se passaram 20 anos desde que chegamos à terra do sol nascente, a primeira geração está envelhecendo e a segunda está praticamente perdida sem identidade e sem pessoas a quem se espelhar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Como ser aceito pelo grupo - 11 passos














Os japoneses apreciam muito o esforço do ser humano, o que nós conhecemos por “ganbare”, mas somente esse “ganbare” não é suficiente pra você ser aceito pelo grupo, ele é apenas um dos elementos. Abaixo segue os itens necessários pra ser aceito por um grupo, tanto no trabalho como ...em qualquer outro ambiente, sob meu ponto de vista.

1 - Procurar conhecer a cultura local (festivais, mitologia, contos antigos, etc. ex: Momotarou, Amaterasu).

2 - Respeitar os funcionários mais velhos, não somente pela idade, mas pelo tempo de casa (existem costumes dos japoneses respeitarem as pessoas mais velhas no ambiente de trabalho, mesmo que não seja de sua seção, e se você não respeitar isso não será bem visto por eles).

3 - Pedir desculpas pelas suas falhas, e deve ser bem sincero com a sensação de arrependimento profundo, jamais cometa a mesma falha duas vezes (quem comete duas vezes o mesmo erro, comete três). A moral com os japoneses é só uma, perdeu não tem mais chance.

4 - Dar as saudações de bom dia, boa tarde, boa noite, sempre (おはようございます、お先に失礼します、お疲れ様でした、また明日、ありがとうございます、等).

5 - Procurar aprender a ler e a escrever (esforçar-se constantemente para isso, afinal eles admiram muito as pessoas que dominam a arte da escrita de kanji).

6 - Fazer o seu serviço o melhor que você puder não enrolar jamais.

7 - Ser produtivo mesmo nos mínimos serviços.

8 - Procurar fazer amizade com os japoneses no ambiente de trabalho, e não ficar somente nos grupinhos de brasileiros.

9 - Não falar mal de ninguém com outras pessoas, tanto de japonês como de brasileiro.

10- Procurar utilizar os termos mais polidos ao se referir com os superiores ou mesmo com os japoneses de nível igual ao seu, e eles notarão que você possui um grande respeito e conhecimento da língua e cultura.

11- Não dar desculpas e nem acusar outra pessoa quando um superior lhe chamar a atenção, mesmo que não tenha sido seu o erro. Bem, nesse item temos um grande choque cultural e provavelmente um estrangeiro irá se defender ou se desculpar imediatamente, coisa que um japonês dificilmente faria. Quando um estrangeiro responde ao superior japonês, esse fica na maioria das vezes sem ação, pois não esperava tal reação. O japonês pode relevar essa ação ou na pior das hipóteses, considerar uma enorme falta de educação e respeito à hierarquia do trabalho e com a freqüência disso, o funcionário vai sendo afastado gradativamente do grupo ficando na lista negra da empresa.

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História do Japão - Breve comentário




















No Japão as coisas são completamente diferentes do restante do mundo devido a vários fatores, entre eles estão sua história, sua mitologia e seu nascimento. O fato de ser um país insular e com o fechamento dos portos com o estrangeiro pelo Shogun Tokugawa Yeiasu em 1639 por um período de mais de 200 anos, fez nascer um povo com uma cultura única.

Precisamos entender que na cultura japonesa prevalece o “comunal” e não o “individual”. O senso comunitário dos japoneses foi uma das bases do milagre econômico pós guerra, que em poucos anos um país em ruínas conseguiu se erguer e se tornar a segunda maior potência do mundo. No Brasil isso é praticamente inverso, e isso é outro choque cultural gigante entre japoneses e brasileiros.

Qualificação é prioridade número 1




















Li recentemente um livro em japonês com o título “2010年-日本経済こうなる”, traduzindo, “A economia japonesa vai ficar assim no ano de 2010”. Um livro espetacular, mas infelizmente não temos na língua portuguesa. As informações não são muito animadoras para nós dekaseguis, principalmente para o...s que não possuem qualificação profissional suficiente pra realizarem serviços técnicos e com bom nível de conhecimento da língua e cultura japonesa. A maioria das empresas de grande porte estão migrando suas linhas de produção para a Ásia, mas especificamente pra Tailândia, Malásia, Filipinas, China e Taiwan. Lá a mão de obra é muito barata e com um salário mensal de um operário brasileiro dá pra pagar pelo menos 8 operários locais. Esse migração está ocorrendo à velocidade da luz e não estamos observando isso. O Japão, sabendo de sua enorme deficiência de mão de obra, quer deixar apenas o “cérebro” em terras nipönicas, as linhas de montagens fora do Japão. E como ficará a nossa comunidade daqui há 5, 10 ou 15 anos?

A qualificação dos trabalhadores brasileiros deve ser prioridade “número 1”, mas lembrando que sem o conhecimento da cultura de nada vai adiantar ser um excelente e capacitado trabalhador mas que não se relaciona bem no ambiente de trabalho, resumindo, você não será aceito pelo grupo e ficará na lista negra da empresa com o risco de ser “kubi” na primeira queda de produção. Essa sensação é terrível, gera um enorme estresse nas pessoas, afetando no relacionamento familiar, causando baixa estima e em grandes casos na separação do casal.

Estrutura das empresas japonesas










As empresas japonesas funcionam assim: 20 a 30% são trabalhadores efetivos (sei shain) e 70 a 80% são trabalhadores temporários (arubaitos, patos, etc). Os trabalhadores efetivos realizam serviços técnicos e de projetos (engenheiros, técnicos, especialistas) e os temporários os serviços de produção. Enquanto existir demanda esses operários temporários têm seus empregos garantidos, porém com a queda de produção eles são dispensados imediatamente.

O que nós precisamos fazer é não aceitar essa condição pré-estabelecida pela sociedade japonesa, esse paradigma arcaico. Temos que fazer parte dos 20 ou 30% tem que nos tornar funcionários efetivos, pois só assim teremos estabilidade no trabalho, paz familiar e esperança no futuro. Fazer parte dessa “elite”, dessa “nata” não é nada fácil, mas também não é impossível. Digamos que em empresas de grande porte como a Mitsubishi, Toyota, Mitsui, etc, isso seja praticamente impossível, pois na legislação dessas empresas existe um item que especifica a nacionalidade japonesa como fator se seleção, porém em empresas de médio e pequeno porte isso é bem mais fácil.

A harmonia é tudo













O conhecimento da cultura japonesa é muito mais importante do que o conhecimento da língua. A base da religião japonesa é a “harmonia do homem com a natureza”, ou seja, o conceito da palavra “harmonia” é inteiramente empregado em todos os sentidos no cotidiano do povo japonês. Onde ele não vê harmonia, provavelmente será coisa descartada em breve espaço de tempo, como por exemplo, alguns trabalhadores estrangeiros que não respeitam as regras internas da empresa, não se relacionam harmonicamente com os colegas japoneses entre outras coisas.

Observe a harmonia entre as rochas, representando os minerais, as carpas, representando os animais, as plantas, representando os vegetais e a ponte que é a representação humana no meio ambiente.

Veja abaixo outras imagens representando a harmonia entre o "homem, terra e céu".





















O poder do grupo no Japão


No Japão tudo só funciona bem se for em grupo. Grupo de trabalho, grupo do bairro, grupo de estudantes, grupo de voluntários, grupo de idosos, grupo de mães, enfim, eles adoram fazer grupos e existe uma explicação lógica para isso, e explicarei mais tarde com detalhes.
Os brasileiros que pretendem tanto residir no Japão como retornar em breve ao Brasil, precisam entender o mais rápido possível que a estabilidade de seu emprego só será possível se forem aceitos pelo grupo de japoneses onde trabalha, caso contrário serão considerados mão de obra descartáveis. E foi exatamente isso que ocorreu em 2008 com os brasileiros residentes no Japão e poderá ocorrer novamente, porém com impacto ainda maior numa provável crise futura.