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domingo, 6 de outubro de 2013

Coaching Transcultural - As Fases do Choque Cultural


Compreender as fases do choque cultural é fundamental para o seu autoconhecimento. Esse é um processo natural, o qual estamos sujeitos a passar. No gráfico acima mostra o processo completo de uma pessoa que sai de sua terra natal, passa um tempo no exterior e retorna para sua terra natal.

Fases do Choque Cultural

Após anos de pesquisa e convivência no Japão identifiquei que muitos estrangeiros passam pelo choque cultural e que este possui diferentes fases:
1) Paixão: Tudo é novidade e a sensação de estar fora de casa nos deixa super motivados. Queremos conhecer novas pessoas, fazer amizades e principalmente aprender a nova língua para nos comunicarmos melhor. Nesta fase estamos praticamente cegos com relação às diferenças culturais.

2) Realidade: Aqui a ficha começa a cair. Comparamos tudo e a saudade dos familiares aumenta a cada dia. Sentimos falta dos amigos, do nosso folclore, do nosso idioma na televisão e até das bagunças da época de infância. O aprendizado da língua já não é tão motivador assim.

3) Estresse: Aqui o bicho pega. As diferenças culturais começam a incomodar, as regras que são normais parecem absurdas e sentimos um enorme estresse ao lidar com elas. Temos a impressão de que ninguém nos entende e nos sentimos intrusos. Nesta fase muitas pessoas ficam presas e não conseguem sair dela criando um círculo vicioso. Existem ainda aquelas que jogam tudo pro ar e voltam para o seu país.

4) Aceitação: Começamos a aceitar melhor as diferenças culturais que já não incomodam tanto. Criamos meios de vencer as barreiras com facilidade e sabedoria. Na realidade, aqui, as diferenças culturais se tornam familiares e o interesse pela cultura e a língua voltam a surgir. Já não sentimos tanto estresse como na fase anterior e nossos planos se tornam alcançáveis.

5) Integração: Passamos a nos enxergar como membros da nova sociedade. O interesse pelo idioma e cultura local aumenta e nos sentimos em casa. Tanto que alguns alegam não querer mais voltar para seus países. Sabemos não só os caminhos, como também os atalhos. Empregamos mesmo sem notar o conhecimento adquirido durante todo o período. Revemos nossos limites culturais adicionando novos elementos à nossa cultura. Passamos a entender bem mais como pensam as pessoas que nos rodeiam e a nos surpreender menos com suas atitudes.





sábado, 5 de outubro de 2013

O Futuro dos Dekasseguis no Japão


Se continuar do jeito que está, teremos:

a) Pessoas desmotivadas, estressadas e doentes;

b) Crianças semi analfabetas, estressadas e sem identidade;

c) Profissionais desqualificados e frustrados com a carreira;

d) Pessoas sem metas e objetivos na vida;

e) Excluídos dos grupos no trabalho e na sociedade.

Mas por quê a comunidade está assim? 

Para podermos entender essa resposta precisamos compreender em primeiro lugar a "Pirâmide de Maslow".



A "Pirâmide de Maslow" é uma divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.



O que acontece quando as necessidades não são atendidas?

 FRUSTRAÇÃO

A Frustração gera diversos comportamentos no ambiente de trabalho:


 1. Fuga ou Compensação: Quando não consegue satisfazer a necessidade.

Comportamentos: Ansiedade e procura de outro emprego ou profissão quando não há possibilidade de progresso no emprego atual.

 2. Resignação: Quando desiste de lutar e se deixa abater pela frustração.

Comportamentos: Apatia, depressão e desinteresse pela empresa e pelos seus objetivos.

 3. Agressão: Pode ser física ou verbal associada a um sentimento de ira e hostilidade.

Comportamentos: Quando não é possível descarregar a agressão contra o objeto ou a pessoa que a provocou, a pessoa frustada pode adotar um comportamento de substituição ou descolamento.
Ex: General repreende o Coronel, que repreende o Tenente, que repreende o sargento que repreende o Soldado que chuta o cachorro do quartel.

Conclusão: 

Os seres humanos estão buscando constantemente a sua auto realização em todos os aspectos da sua vida, isso já foi constatado pelo psicólogo americano Abraham Maslow quando ele definiu a "Pirâmide da Maslow".
Quando as necessidades não são atendidas temos como consequência a "Frustração" e seus comportamentos estão explicados acima.

Agora analisando a nossa comunidade brasileira no Japão, observa-se que a grande maioria fica apenas nas primeiras camadas da pirâmide, ou seja, nas necessidades básicas de sobrevivência que são as Fisiológicas e as de Segurança, sendo as necessidades Psicológicas e de Auto Realização alcançadas por um número muito pequeno de brasileiros. As barreiras são várias sendo um assunto muito complexo de ser explorado na íntegra, pois envolvem traços culturais e étnicos.

Entender a História e a Cultura Japonesa é o primeiro passo nesse processo que influencia diretamente no aprendizado da Língua Japonesa. Eu observo que o "Foco" das instituições governamentais, ongs e grupos de apoio aos estrangeiros está diretamente ligado ao aprendizado da Língua Japonesa, o que do meu ponto de vista não é a melhor opção. Estou fundamentado na premissa de que uma "língua estrangeira não se ensina e sim aprende-se", portanto não há aprendizado sob pressão. 
Criar condições para que o aprendizado ocorra naturalmente é o verdadeiro caminho, mas para isso ocorra os três elementos fundamentais precisarão estar em perfeita harmonia e alinhados a um só objetivo.

1 - Governo Japonês
2 - Governo Brasileiro
3 - Líderes Brasileiros no Japão


Quais os papéis da cada elemento do processo?

1 - Governo Japonês: Dar suporte para que sejam realizadas estudos estatísticos dos cursos que a Hello Work tem realizado com a comunidade estrangeira, analisar os custos & benefícios desses cursos e preparar profissionais para essa nova etapa de conscientização de que a Língua Japonesa não é o principal foco nesse processo, e sim o desenvolvimento da "Inteligência Cultural".
Inteligência Cultural: É a capacidade de aprender,  assimilar e se adaptar a uma nova cultura.
Criar uma "Teste de Proficiência Cultural" para todos os estrangeiros e não apenas o da Língua Japonesa. O objetivo desse teste é a transmissão de "Como funciona o Japão e sua Cultura" a fim de que todos possam entender na essência como avançar na "Pirâmide de Maslow"

2 - Governo Brasileiro: Juntamente com o governo japonês, dar todo o suporte  para que o processo tenha sucesso. Dar apoio as instituições de ajuda aos brasileiros tais como ongs e grupos de trabalho com o objetivo de propagar essa metodologia. Convidar para participar dos debates da comunidade pessoas que passaram por todo o processo evolutivo no Japão(de dekassegui a empresário, por exemplo) e não apenas acadêmicos, professores universitários e nem políticos que não entendem na essência o que é ser "Dekassegui", senão fica somente em teoria e sem solução prática.


3 - Líderes Brasileiros no Japão: Aqui temos um sério problema, não existem líderes brasileiros globalizados no Japão, apenas municipais. A comunidade precisa eleger um representante de cada província para que possa ter "voz Ativa" e assim assegurar os direitos e deveres também dos cidadãos. Mas aqui temos um grande desafio: Como fazer isso? Seria voluntário?









quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Desafios dos Dekasseguis no Japão


Este tema foi abordado por mim no "Simpósio Internacional do Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior - CIATE" em comemoração aos 25 anos do Movimento Dekassegui.
Abaixo estão os maiores desafios que os dekasseguis enfrentam no Japão.

Quais os desafios dos Dekasseguis no Japão? Qual o percentual dos Dekasseguis que atingem a Auto Realização no Japão? Quais os motivos dos empresários brasileiros não entrarem no mercado japonês?

Para se descobrir as verdadeiras "causas" será necessário trocar as lentes e enxergar o mundo através de "Lentes Culturais".

1 - Definir Metas e objetivos:
     A definição de sua Meta e Objetivo é a chave mestra para o sucesso dessa empreitada. A grande maioria das pessoas tem uma enorme dificuldade em defini-las, pois não é tão simples assim como parece. Sem uma definição precisa a pessoa anda sem rumo, igual a uma folha seca que o vento leva pra onde ele quiser. Esse vai e vem constante entre Brasil e Japão é uma das provas que não existem metas em nossa comunidade, e caso seja estabelecida uma meta, a mesma deve ser atingível com data para começar e terminar., caso contrário será uma mera "Vontade".

2 - Vencer as Fases do Choque Cultural:
     O Choque Cultural é um fenômeno natural quando enfrentamos novos desafios em terras estranhas, e fatores como língua, cultura, costumes e alimentação influenciam diretamente nesse processo. É necessário entender as fases do Choque Cultural para poder avaliar em que fase você se encontra e só assim tomar as medidas necessárias para vencê-las com maestria.

3 - Desenvolver a Inteligência Cultural:
   Significa ter flexibilidade e habilidade para aprender e assimilar uma nova cultura, interagindo-se com pessoas dessa cultura e gradativamente redefinir sua forma de agir e pensar a ponto de compreender melhor os hábitos, costumes e tradições dessa cultura. Quanto maior sua Inteligência Cultural, maior serão as chances de ser aceito pela sociedade local chegando a fazer parte de "grupos".

4 - Superar Bloqueios(Ishindenshin, Grupos):
O seu significado é profundo e inerente a cultura japonesa.
É até hoje usado no budismo japonês, onde o mestre utiliza essa técnica de transmissão de filosofia aos seus discípulos sem o uso de palavras, é uma transmissão de coração para coração.
Os japoneses praticam o "ishin-denshin" em todos os momentos de sua vida, no trabalho, na vida pessoal e nos relacionamentos. Entre eles flui perfeitamente, mas quando um estrangeiro entra no jogo, inicia-se um "choque cultural", acredito ser um dos maiores obstáculos para os estrangeiros se integrarem à comunidade japonesa. O fato de não ser correspondido, faz com que o japonês se afaste do interlocutor, dando uma impressão de indiferença ao estrangeiro, o que, por conseqüência gera afastamento também do estrangeiro por se sentir discriminado.

5 - Eliminar Crenças Limitantes :
     As Crenças fazem parte de nossas vidas, todos nós temos, mas o problema é quando elas se tornam “Limitantes”. As Crenças se manifestam a nível inconsciente, portanto nossos comportamentos são reflexos de nossas Crenças, sejam elas limitantes ou não. Identificá-la é o primeiro passo para depois vencê-las com técnicas de Coaching ou em alguns casos terapia.

6 - Aumentar o Coeficiente de Harmonia “Z”:
É um valor que tem como premissa identificar o quanto o indivíduo está em harmonia com a cultura, língua e com os japoneses. Mede os efeitos do choque cultural no comportamento das pessoas.
Para aumentar o “Z” é necessário descobrir qual o seu valor atual para então tomarmos medidas para atingir o valor desejado.
Quanto maior for o seu valor de "Z" maiores são as chances de você ser aceito pelo grupo.

7 - Aprender a Cultura e Língua Japonesa:
  Existe uma grande diferença entre “Ensinar” e “Aprender”. Uma língua e cultura não se ensina e sim aprende-se. Não se aprende nada sob pressão, principalmente se a pessoa estiver na fase do choque cultural de “Estresse”. Precisamos criar um ambiente propício para o aprendizado da língua e da cultura japonesa, pois só assim os decasseguis terão mais facilidade.

8 - Entrar no Mercado Japonês:

  Vender para os japoneses não é uma tarefa muito fácil, pois o consumidor japonês tem algumas características únicas bem diferentes dos ocidentais. O conhecimento da língua a nível de polidez e as etiquetas japonesas de atendimento são fundamentais para se ter um negócio com o público alvo japonês. Pode ser o melhor produto do mundo, mas nada vai adiantar se não se conquistar a credibilidade deles. A “Harmonia” é a palavra chave para se ter sucesso no mercado japonês.

domingo, 8 de setembro de 2013

Coaching Transcultural e a "Síndrome do Regresso"

A "Síndrome do regresso" é um choque cultural semelhante ao que a pessoa teve quando foi pela primeira vez ao país estrangeiro, com a diferença apenas de que a "fase da paixão" que é a primeira fase é mais curta. Quero dizer que toda aquela empolgação de estar retornando ao seu país de origem acaba rapidamente. Quem passa pouco tempo fora do seu país sofre menos com essa síndrome, mas para pessoas que moraram mais de 5 anos a situação é bem complicada principalmente se formou família e teve filhos nesse lugar. Imaginem no meu caso que morei por mais de duas décadas e construí uma vida.




A readaptação é possível sim, mas para isso a pessoa talvez precise de muitos incentivos emocionais, o que nem sempre está presente dentro do seu círculo familiar. Quando se passa muito tempo fora do seu país muita coisa muda, os amigos casam, alguns morrem enquanto outros se mudam, mas nós permanecemos com toda a memória ainda das coisas de quando nós saímos, e quando retornamos sentimos que está tudo diferente. A primeira coisa que precisamos entender é que todo esse processo de "reajuste cultural" é NORMAL e todos que superaram já passaram por isso, a segunda coisa a fazer é buscar ajuda em instituições apropriadas nesses assuntos e poder interagir com pessoas que já passaram pela "Síndrome do regresso" e a terceira opção é buscar o auxilio de um profissional competente, neste caso um Coach Transcultural.

O processo de "Coaching Transcultural" é a solução mais apropriada para pessoas que estão enfrentando a "Síndrome do regresso", pois o FOCO está nos aspectos positivos da sua "nova vida numa casa diferente que um dia já foi sua". Trata-se principalmente das crenças limitantes e a sensação de não pertencimento que são os maiores obstáculos para superar e vencer com maestria esta tão medonha síndrome. 

Sou coautor do livro recém lançado "O Poder do Coaching-Ferramentas, Foco e Resultados" cujo artigo aborda uma prévia sobre as dificuldades enfrentadas tanto na chegada como no regresso e utilizo como exemplo a minha própria experiência.

Pensamento Lateral - Como se libertar dos bloqueios mentais

O pensamento lateral(lateral thinking) significa resolver os problemas através de uma abordagem indireta e criativa, usando o raciocínio de que não é imediatamente óbvio e que envolve ideias que não podem ser obtidas usando apenas o passo-a-passo da lógica tradicional.

O termo foi desenvolvido em 1967 por Edward de Bono.

De acordo com o de Bono, o pensamento lateral deliberadamente distancia-se das percepções padrão de criatividade tanto como lógica "vertical" (o método clássico para resolver o problema: trabalhar a solução passo-a-passo a partir dos dados fornecidos) ou imaginação "horizontal" (tendo mil ideias, mas estar despreocupado com a implementação de forma detalhada).

Para melhor ilustrarmos o conceito do Pensamento Lateral, vamos dar o exemplo de alguém cavando um buraco para encontrar um tesouro. Se já existe um poço, tendemos a cavá-lo cada vez mais, quanto mais fundo for o poço, mais difícil será enxergar o que está acontecendo ao redor do terreno. O interessante é que se alguém se aproxima, nós o encorajamos a cavar junto conosco.



Quanto mais cavamos, mais comprometido ficamos com o poço que escolhemos, e se não conseguimos resolver nosso problemas, julgamos que o nosso fracasso está relacionado com o fato de não termos cavado o suficiente, e então buscamos recursos para dar continuidade  a escavação.

Esse processo chamamos de "Inércia Psicológica", é o que inibe sua criatividade e inovação. Existem dezenas de inércia psicológica. Para maiores detalhes veja aqui neste link:http://diariodeoncologista.blogspot.com.br/2010/07/voce-e-psicologicamente-inerte.html

O Pensamento Lateral equivale a cavar poços em outros locais, ao invés de cavar mais fundo. Abandonar o poço e cavar em outro lugar equivale a uma ruptura com o modelo de pensamento a que estamos habituados.