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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mercado japonês II



Li a pesquisa sobre o “comportamento do consumidor brasileiro em supermercados no Japão”, achei ótimo a iniciativa e principalmente as conclusões desta. Alguns fatos foram interessantes, como por exemplo, o percentual de pessoas que responderam as pesquisas, 76 pessoas, simplesmente 2,53% das 3.000 solicitadas.

No meu ponto de vista, o maior entrave no relacionamento entre brasileiros e japoneses não está diretamente relacionado à língua japonesa, como o artigo menciona, mas sim nas diferenças culturais. Um estrangeiro pode falar muito pouco a língua japonesa, tanto falada como escrita, mas se conhecer a aplicar a cultura, ele terá um excelente relacionamento com os nativos japoneses. Mas aí é que mora o problema. Por exemplo, como aprender a cultura? O que os japoneses esperam dos estrangeiros? Qual a minha posição na hierarquia da empresa onde trabalho? Qual a minha função no bairro onde resido? Quais as minhas obrigações como cidadão?
Podemos observar que em momento algum se tocou no assunto “língua japonesa”, mas sim em comportamentos.

Na realidade, o relacionamento entre japoneses e estrangeiros em geral, falando aqui do nosso caso – os brasileiros, é semelhante a uma negociação. O Japão precisa de mão de obra, os brasileiros de melhores condições financeiras, então precisamos negociar. Para uma negociação ter bons resultados, ambas as partes precisam expor suas expectativas, e procurar uma negociação ganha-ganha, caso contrário uma das partes pode se sentir lesado. Alguém já perguntou para os japoneses o que eles esperam dos brasileiros para que haja integração social?

Os dados coletados nos mostram que os supermercados brasileiros não estão preparados para entrar no mercado japonês, digo, vender também produtos para japoneses. Na realidade não há necessidade de muito investimento físico como muitos devem pensar, o maior investimento está na mudança de paradigma do empreendedor e nas pesquisas do comportamento do consumidor japonês, que é único no mundo e contém pouquíssimas publicações falando a respeito, sendo a maioria delas escrita em japonês ou inglês.

Outro detalhe que observei foi a grande procura por produtos vendidos em supermercados japoneses e o índice de 75% de sanseis. Como os sanseis são filhos de nisseis, nota-se uma tendência ao esquecimento dos produtos brasileiros, uma vez que a maioria desses sanseis está se habituando ao paladar dos alimentos japoneses. Noto isso aqui na Big Bel, onde essas pessoas gostam mais das pizzas japonesas, tipo teriyaki chicken, tsuna mayo bacon, mochi pizza, do que as tradicionais brasileiras, como a calabresa, palmito, baiana e frango com catupiry. Como estará o mercado brasileiro que só vende produtos do Brasil daqui a 10 anos? Alguém já pensou nisso?

Observa-se que a classificação “Ruim” aparece em todas as variáveis da pesquisa no caso dos supermercados brasileiros e “zero” nos supermercados japoneses. Tira-se a conclusão que dificilmente um japonês vai fazer suas compras em lugares assim. Se o próprio brasileiro acha “Ruim” imagine como será a opinião dos japoneses.

Com relação ao gráfico “Como ficou sabendo do supermercado”, o item passando em frente teve um percentual de 41,41%, acredito que esse valor elevado seja derivado da grande mobilidade que os brasileiros fazem procurando bons empregos, pois quando chegam num local novo demoram vários meses até conhecerem os comércios locais.

A grande diferença entre os consumidores japoneses e brasileiros está na freqüência de compras, enquanto os brasileiros fazem semanalmente, os japoneses preferem as compras diárias, por serem mais fresquinhas e também por aproveitarem as promoções que essas grandes redes fazem de alguns produtos. Esse é um dos grandes fatores que os japoneses dificilmente farão compras em supermercados brasileiros, pois acima do preço baixo eles procuram produtos fresquinhos. Um produto vencido na prateleira é inadmissível no Japão.

Parabéns aos pesquisadores pelo trabalho!

Aqui está o link da pesquisa: http://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_gestao/article/viewFile/170/573

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