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terça-feira, 14 de julho de 2015

Sonho ou pesadelo?

Cada pessoa é responsável pelo seu próprio destino tanto na sua terra natal como no estrangeiro e isso é uma lei universal. 

Se você tiver um planejamento estruturado(metas e objetivos) é bem mais fácil vencer as barreiras do choque cultural que irá enfrentar ao chegar no Japão, mesmo desconhecendo a sua cultura, etiquetas e a língua. O choque cultural é inevitável, pois os valores centrais são diferentes entre os países, e os impactos negativos que causam pela ignorância desses fatos são devassadores. O choque cultural é um "processo de comparação entre valores de culturas diferentes", um tipo de rejeição aos costumes e hábitos do povo local. 



Para se dar bem, tanto no Japão quanto em qualquer outro lugar,o mais importante é desenvolver a "I.C. - Inteligência Cultural", e não procurar ser um "guru" na cultura local. A I.C. é a base para o sucesso no convívio com pessoas de diversas culturas. com ela, é possível ter flexibilidade e habilidade para aprender e assimilar uma nova cultura. Quanto maior a sua I.C., maior será a chance de ser aceito pela sociedade local, o que facilitará o seu acesso aos grupos.

Outro fator importantíssimo é com relação as "Necessidades Humanas". De acordo com Maslow(https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow), existe uma escala de necessidades que deve ser buscada por cada indivíduo para atingir a sua auto realização. O problema é que a grande maioria fica apenas na base da pirâmide, que são as necessidades fisiológicas: respiração, comida, sexo, sono, água, habitação. Quando o estrangeiro muda constantemente de emprego, em busca de melhores salários e mais horas extras, dificulta o avanço da segunda camada que é a da "segurança", o que vai gerando aos poucos uma frustração generalizada.

Acredito que a maior causa do regresso dos dekasseguis ao Brasil seja a grande dificuldade de escalar as camadas superiores da pirâmide de Maslow. As crenças limitantes que são geradas pelos impactos dos choques culturais são fortes sabotadores das realizações pessoas e profissionais dos dekasseguis.

Não existe um lugar perfeito no mundo porque quem faz o lugar somos nós mesmos. Se você achar que o Japão é um lugar ruim, ele será um lugar ruim, se você achar um lugar maravilhoso, será um lugar maravilhoso e o mesmo é válido para o Brasil também.

Para quem quer ir ao Japão pela primeira vez, deve ficar atendo aos planejamentos de metas e objetivos e estar de mente aberta e ter humildade para aprender novos conhecimentos culturais e comportamentais. Esses são valores cruciais que os japoneses buscam nos estrangeiros. Este é o primeiro passo para desenvolver a I.C..

Para quem retornou ao Brasil e "tentou" se estruturar por aqui e não deu certo, muito cuidado!! Você tem as respostas para as seguintes perguntas?
1 - Você "tentou" ou você "fez" acontecer? Existem uma grande diferença entre "tentar" e "fazer".
2 - O que te leva a crer que o Japão é melhor do que o Brasil?
3 - Você já leu sobre choques culturais? Buscou ajuda com amigos que se deram bem ao retornar ao Brasil?

Existem uma grande tendência a criarmos uma "zona de conforto" em nossas vidas no Japão. Trabalhamos a semana inteira, fazemos horas extras(quando faz) e nos finais de semana vamos passear nos shoppings, churrasco com amigos e rodízio de pizzas em despedidas de parentes. Quanto tempo reservamos para o lado intelectual? O que você faz nas poucas horas em que fica disponível? O que é importante para você?
Quantos livros você leu no ano passado? Quantos kanjis aprendeu na semana?
Se formos dividir o tempo em 3 blocos de 8h cada, ficamos assim:
- 8h para dormir
- 8h para trabalhar
- e o que fazemos das outras 8h?

Sei da importância de nos divertimos com amigos e familiares, mas precisamos reservar um tempo para o nosso desenvolvimento intelectual também, pois é isso que vai nos ajudar a manter nossa vaga no trabalho em momentos de crise no Japão. Quando os japoneses observam que estamos buscando conhecimento da sua língua e cultura, ele vai nos enxergar com outros olhos. Outro fato é que isso vai nos ajudar a subir as camadas de pirâmide de Maslow para níveis mais elevados se aproximando da auto realização.

Uma grande diferença entre Brasil e Japão está na "zona de conforto". No Japão você vive bem assim(não para sempre), mas no Brasil não. No Brasil você tem que "matar um leão" por dia para sobreviver, principalmente se tiver negócio próprio, caso contrário fechará as portas no primeiro ano.

Morei no Japão por 23 anos e o vejo como um país de me deu grandes oportunidades de crescimento pessoal e profissional, fiz amizades verdadeiras, aprendi a cultura e língua e realizei grandes sonhos na terra do sol nascente. Trabalhei como operário em linha de montagem por 4 anos, engenheiro na multinacional Mitsui Kinzoku por 8 anos e franqueador da rede de pizzaria Big Bel por 11 anos.

Decidi retornar ao Brasil por motivos profissionais fazem dois anos e já estou no ramo de pizzarias novamente. Para o empreendedor que pretende expandir seu negócio próprio, o Brasil é um país muito bom, apesar dos altos impostos, leis trabalhistas e dificuldade de encontrar mão de obra qualificada.

Chegando ao Brasil passei pelo mesmo processo do choque cultural de quando cheguei ao Japão, apenas o processo inverso, o que se chama "Síndrome do Regresso".
Estou reaprendendo a ser um "matador de leão" também, mas sinceramente não é nada fácil.

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